Dor de um Homem
Existir é isso, um sobressalto de alegria, uma pontada de dor, um prazer intenso, veias que pulsam sob a pele, não há mais nada de verdadeiro para contar.
Em meio a dor e à felicidade da jornada que percorri nos últimos dois anos, eu aprendi a lição mais importante que a vida tem a oferecer e fico feliz por isso. Tudo o que temos é este instante.
Ainda não aprendi a dizer adeus. Vai demorar.
Ainda vivo no vale de lágrimas banhadas de dor inigualável.
Ainda estou entorpecida.
Ainda parece que tenho concreto e cimento nos pés, fixando-me no chão, impedindo-me de caminhar.
Mas, de pouquinho em pouquinho, vou saindo desse abismo de trevas. Pois o amor incondicional pelo meu filho que partiu continua tão grande quanto o universo. Tanto quanto o amor que tenho por Deus e a fé que possuo.
Esse amor me sustenta e vence o impedimento de caminhar. Amor que faz dissolver o concreto e cimento dos meus pés e, mesmo cambaleando, vou tentando encontrar forças para poder continuar a caminhada.
Continuo orando diariamente como sempre fiz pelos meus 3 filhos. Embora você, Rafael, não esteja presente com a gente. Continuo tendo os 3 filhos. Conto os minutos, horas, dias, noites, semanas, mês e hoje, 12/09/2016, completa dois meses da última vez que te vi fisicamente, que conversei contigo até a parada cardíaca te levar para sempre só com 25 anos, 6 meses e 17 dias, rompendo todo o seu futuro e seus sonhos aqui na Terra. Você era tão saudável. Fazia faculdade de Educação Física.
Mesmo ausente, você não sai do meu pensamento e do meu coração amputado. TE AMO!
Até um dia, filho amado!
O amor mendigado é como morfina; alivia temporariamente a dor, mas não a trata. O efeito de alivio, euforia e bem estar passam rápidos e logo você precisará mendigar doses cada vez mais fortes para aliviar seu vazio.
No céu tem uma mulher com dor em trabalho de parto, e tem um dragão vermelho com sete cabeças esperando pra comer o bebê, mas o Arcanjo Miguel expulsa o dragão pra terra. Desse momento em diante o dragão vermelho odeia a mulher, e declara guerra a ela e a todos os seus filhos, somos nós.
" Não há dor maior que a da alma, que controla todas as outras dores da maneira mais rígida possível."
O amor é uma dor que desatina sem doer.
Nota: Trecho adaptado de soneto de Luís de Camões.
A dor da tristeza pela perda de um ente querido não pode ser maior do que a do falecido, que se encontra num estado de confusão espiritual, precisando das preces e orações para gerar a luz necessária que irá iluminar seus caminhos em direção à Casa do Pai.
(...)
Pra que brincar de ter razão?
É besteira não querer errar
e é tolice demais curtir a dor.
Deixa pra lá tudo isso
e vem dançar a dança das estações.
Ah, tenta não ligar pra essa gente
chata e sem graça.
São tolos demais
esses mortos cegos e adultos.
Gosto de te ver rindo
e da riqueza das coisas simples
que guardo qual tesouros.
E a beleza está em não ter pressa.
Que corremos demais, meu amor,
e é hora de parar, deitar na grama,
falar só besteira e rir da vida.
Ah, deixa isso pra lá
que esse mundo é todo errado.
Fica perto então
que tanta solidão já feriu demais.
Vem dançar a dança das estações.
Deixei pendurado no varal: um pouco de lamento, dor e a falta de sossego.
Choveu... Mas não corri para ir pegar. Deixei molhando.
Torço para que embolorem.