Jean la bruyère
Vejo o povo dizer
Que perdeu um amor
Que quando estava lá
Só rimava com dor
Isso não é perda
Isso é livramento
A dor é grande
Mas que a vontade de ameniza-la
Seja o bastante
Para não apenas esquecer
Mas resolver as pendências
Relacionadas as emoções profundas
Vai vira a cara
Passa e finge que eu não tô lá
Mas depois recebe um recadinho no celular
Com a selfie no chuveiro diz: Vou refrescar
Mas no fundo eu sei que é pra vir me atiçar
Certeza ?
Sim, gosto de tê-la
Mas como possui-la
Bom... apenas no acreditar
Sem duvidar em momento algum
Saber que é e será verdade
Concreto em nossa realidade
Ai tu tira uma foto mó linda pensando no amei dela é ela da so like KKKKKKK dai ela vai lá e da amei na foto do cara idiota. Sinta-se feio kkkkk.
VELHAS LAMURIAS
Secura. Que tristura lá fora! Tristura!
Embrusca-se o cerrado, os olhares
Craqueleja. Árida a aquosa candura
Nos seus velhos e eternos pesares...
Sinto o que a terra sente, desventura
A mágoa que diviso, nos reles azares
O inverno. Frio e queimado, mistura
Fulgurando o cinza, anuviando os ares
Ah! Porque ordenaste este tal fado
Fazendo de minha alma tua criada
Ouvinte, ouviste os prantos, cerrado!
Meus e teus, na sequidão embaralhada
Tem pena de mim, deste pesar mirrado
E as velhas lamurias por mim poetada!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
04/09/2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Solidão de Maria
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Maria nasceu lá nas décadas de sessenta. Do século passado.
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Maria aprendeu que o sexo é proibido.
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Maria também foi perseguida. Não por soldados, mas pela sempre pronta e atenta, nossa querida sociedade.
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Quem mandou Maria nascer Maria e não João?
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_ Ela é que pague o preço de sua escolha!
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Maria tem que ser calada, voluptuosa e burra. Porque Maria que é Maria, é mulher!
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Mas Maria não foi nada disso.
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E ainda teve a ousadia de nascer preta. Preta sim! Não sou de meias palavras.
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Negro, não é nem raça. Preto é cor!
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Maria, além de negra, é preta. Não tem vida cor-de-rosa!
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Essa pobre coitada. Teve o desplante de perguntar.
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Nasceu inteligente e não foi sábia de esconder sua mente.
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Maria percebeu o mundo. Não gostou! Mas as horas Maria não era para sexo? Não é para isso que o Brasil vende Marias e o mundo inteiro compra?
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Oras! Maria era para ser enganada! Mulher e negra? É classe e situação permanente. É o regime de castas brasileiro. Que a gente age.... Mas psiu! É impróprio falar.
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Maria que é Maria, é pra usar.
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Mas Maria não aceitou.
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Maria... tola Maria! Questionou.
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E o tempo foi passando. Os anos se tornaram pesados. Maria ficou só.
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Sem homem. Sem sexo. Apenas com seu gênero, raça e inteligência.
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Maria que é Maria. Tem que se resignar. Porque Maria quando não é Maria... fica só, por questionar.
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E Maria ainda inventou de estudar. Teimosa, petulante e atrevida Maria! Como ousa?
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Vai chorar muito pra chegar lá. Mas num tenho pena! Nasceu assim, então tem que sofrer! Tenho nojo dessa cor. Detesto esse jeito sinuoso de mulher, que não se serve para os homens. E fico com raiva dela ser feliz! Ainda assim, Maria!
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Eu me alegro com cada sofrimento de toda Maria goiana.
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Êita! O que é que eu vejo ali? Mas não é que é Maria! Toda faceira. Solta, alegre a andar? Que absurdo!
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Sozinha e sem homem? Como pode? Toda aprumada, com documentos a carregar.
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Num é que Maria hoje, depois de muito sol, está estudada!
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Onde este mundo vai parar? Dar emprego para uma Maria se tem tanto José pra trabalhar?
A dor dela nunca doía nele e isso o fazia machuca-la mais e mais... Até que um dia as feridas pararam de doer.
Ser feliz é achar a resposta sem ao menos procura-la.
É enxergar no espelho o que nem a escuridão consegue esconder .
É saber que não e necessário milhões de palavras para se sentir bem, mas de uma única atitude para se se sentir realizado.
É poder conversar com o coração e com a razão sem a necessidade de confronta-los. É saber que o passado não faz mais parte do seu presente,mas que você pode levar o que de melhor ocorreu para o seu futuro.
Acredite , a felicidade esta diante de ti e se souber decifrar o que eu digo sem procurar respostas aos olhos de quem não se pode enxergar , entenderam o que é felicidade...
…da janela do apartamento vejo a vida lá fora, o mundo vive, pessoas vem e vão, se esbarram umas nas outras sem saber quem são, sem lembrar dos rostos, sem observar os sorrisos… sem perceber que dentro de cada um fica o pedacinho do outro.
Qualquer pessoa que está dentro de um profundo sofrimento, à beira da morte ou sei lá o quê, fica mística. Nessas horas, a gente apela pra tudo. Não que eu tenha me convertido à religião católica, mas estava acreditando nas simpatias, nas abobrinhas populares.
"Se fossemos ilustrar a vida na arte, qual melhor maneira de apresentar-la na realidade sensível? Um pouco de contexto, olhos que veem o belo no que é ou no horror; faz nos sentimos mais próximos; do que as realidades fantasiosas, sem coesão do que é real e verdadeiro, do irreal e falso; havendo uma grande diferença em transmiti-las com os valores em ambas às avessas, sem ser por arte; mas por uma má fé desprovida de sua essência do trabalho artístico e da obra prima; por convencimento do leitor as ilusões do artista, do que poderia ser possível ou imaginável em um plano traçado."
Ainda estou preso naquele sofá,
fazendo amor com você...
Eu nunca sai de lá!
Estou preso em seu abraço,
nas curvas do teu corpo suado...
Estou preso no embaraço dos teus lábios
nas epopeias dos teus gestos,
perdido nos labirintos da sua alma,
descansando em seu ventre
Ainda estou preso naquele sofá
e assim quero ficar
para sempre.
O rico as vezes vai para a cadeia,
porém, por lá ele não faz permanência.
Logo tem um habeas-corpus favorável,
alegando emprego e fixa residência.
Porém, com o pobre a coisa é diferente.
Disso aí todos nós temos ciência.