Coleção pessoal de brunobarcellos

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Adoro o cheiro das manhãs ensolaradas.
Com grama molhada e brisa no ar.
Pássaros cantando, cachorros correndo.
Um café no bule e um pão quentinho com manteiga.
Lembrar que é domingo e que não há compromissos.
E que tenho o dia inteirinho para eu me fazer feliz.

Como começar um bom dia?
Acordando sem pressa
Ouvindo uma suave melodia
Abrir a janela e sentir o calor que o sol erradia
Olhar para você e perceber que em silêncio me olhava e sorria.

Caiu sobre ti uma gota de céu
Azul, tão azul que não podia nomear
Viraste nuvem branca e esfumaçada
E pelos raios dourados do sol foi coroada
Com o vento soprando o seu destino se pos a voar
Passeando sobre vales, montes e mares
Não podia mais voltar
Da saudade virou chuva, que regou muitos jardins
Inundou lagos, escorreu em rios, reinventou margens
Sobre a terra aconchegou-se, sob a folha cobriu-se
Agora não era mais nuvem, não era mais chuva
Não era...
Sugada por uma semente, se preparava para uma nova jornada
Guiada aos brilhos de luz, com raízes fincadas no chão
Renasceria em instantes em uma flor amarelada

Respeito só existe se houver limites.
Quem pode definir os seus limites é você mesmo.
Amor sem limite é domínio e posse.
O respeito está para o amor, como uma boa terra para a flor.
Dizer não, não deve ser ofensa, nem vergonha.
Pois dizer o que se deseja é um ato de amor à você.

Hoje assisti a uma cena hilariamente triste.
Um rapaz, com seus 30 e muitos anos escolhendo um par de alianças para pedir a sua amada em noivado.
Enquanto olhava as alianças e questionava preços se viu indignado quando a gentil vendedora lhe contava os valores.
E resvalou a seguinte questão: "Mas e se a gente terminar o que vou fazer com as alianças?"
A vendedora olhou um pouco espantada, mas respondeu com o padrão: "Você está vindo comprar alianças pensando na possibilidade de terminar?"
Ele então contou: "Eu já fui noivo, e não deu certo, vou fazer essa loucura pela segunda vez."
A conversa continuou, a vendedora era persistente, a pesar do cliente impertinente.
Pobre rapaz, ainda não entendeu a dinâmica da vida.
Ficou buscando garantias nas alianças diante do impossível da vida.
Buscando uma segurança no ouro, já que no outro não se há garantias.
O que existe na vida é o que se constrói, o que se investe, o que se faz com o que se deseja.
Fui embora, enquanto a vendedora tentava convencê-lo de que seu desejo valia a pena.

Nuvens grisalhas com lágrimas geladas
Mãos trêmulas e voz baixa
Assim o frio me acalenta da saudade que tenho de ti
Olhos nublados e boca trincada
Procurando em você a minha morada
Assim o frio me acalenta da saudade que tenho de ti
Solitário andar nesta cidade
Com a lembrança ficcionada dos nossos corpos cansados
Do calor assombroso que vinha de ti
Da falta que faz o desejo velado que ao relembrar me faço existir

João Solidário
É um excelente candidato
Em sua campanha na internet fez do vídeo um viral
Doou fone a um funkeiro e camisinha para grávida
Capacete e joelheira para a velhinha na calçada
O buraco na rua tapou com terra e uma enxada
Para o mendigo esfomeado, deu um pão e uma cachaça
Para um amigo muito próximo arrumou vaga no hospital
O então veterinário, agora é diretor geral
É chamado de excelência, nobre e de doutor
Já foi candidato a prefeito, a deputado e agora a senador
Um delegado desconfiado começou a investigar
Mas com um convite para um churrasco começou a relaxar
Em uma outra viagem a praia sua dúvida foi retirada
O delegado muito justo vai ganhar uma mesada
Coletividade é importante e muito prestigiada
Desde que seja para beneficiar o primo, o filho a amante ou a cunhada.
Se eleito prometeu, disse que ajudará a todos
Os amigos anunciaram que não vão se fazer de tolos
Já pediram uma boquinha, e até ganharam dentadura.
Os inimigos acreditam que o melhor é a ditadura.
João Solidário pouco se importa,
Diz que tudo é inveja e que o povo o adora
Posta foto o dia inteiro apresentando suas obras
Inaugura obra inacabada, cemitério e chafariz
Mas o povo bate alma com um vermelho no nariz

Hoje acordei um pouco alterado.
Menos pessoa, mais poema.
Um poema que não terminei de escrever.
Mas que é lido e relido e resignificado a cada leitura.
Sou guarda-chuva, guarda-segredos, um guarda-amores.
Um mobile solto, um letreiro neon, um vinil arranhado.
Sou conversa, prosa e verso de um texto manuscrito.
Percorrendo passado, presente, e futuro em um único momento.
Sou colo e sou saudade, sou medo e segurança, força e fragilidade.
Sou criança e um pouco velho.
Tenho amigos, mas já fiz guerras.
Tenho mágoas, mas já doei sorrisos.
E envelhe-sendo a cada dia vou buscando minha humanidade.

O amor não é aonde se chega, onde se está ou com quem caminhamos.
O amor está em um labirinto aonde a gente sozinho se perde e, mesmo assim, se acha.

O labirinto só existe quando um sujeito se encontra/perde nele.

Me impressiona o poder da fé.
Não necessariamente a fé dos dias santos, mas a fé dos dias ordinários.
Aquela fé que, muitas vezes, se manifesta vestida de confiança.
Essa capacidade de acreditar em si e nos outros que me assombra.
Todos os dias, sem perceber, estamos utilizando uma faísca de fé.
Seja na contratação de um serviço, na aposta de um até breve, ou na certeza do sucesso.
As vezes recorremos a alguns intermediários, as vezes não.
Mas, em todas essas possibilidades há fé.
Inclusive quando dizemos que algo não existe ou é impossível, ainda assim há fé.
Pois até mesmo afirmar a não existência de algo também é acreditar.
Por isso renovo minha fé em mim, nos meus próximos e na humanidade toda vez que vejo realizar a minha crença de um dia melhor.
Amém.

Tem dias que sentimos orgulho apenas por sermos nós mesmos.

O que é demasiadamente humano é atemporal.

Intelectualizar a vida não a torna mais inteligível, nem tão pouco, mais interessante.
É preciso um limite entre teorizar a vida e viver a vida.
Pois, em todos os campos teremos um quantum de 'não-saber'.
-
Ainda bem!

Responsabilize-se.
-
Queixas não mudam problemas;
Você está aonde você se levou;
Os outros não estão neste mundo para te fazer feliz;
E se você sofre pelo que alguém fez, é com sua autorização;
As coisas não vão mudar porque você pede, implora ou glorifica;
Você é o único responsável pela sua estadia;
Então, perceba seus passos e reinvente seu caminho.
Se precisar te empresto minha lanterna;
Mas não posso te dizer o caminho;
Pois cada um só pode trilhar a sua própria jornada.

Orgulhe-se dos seus fazeres e das suas conquistas e os outros reconheceram o brilho dos seus olhos.

A escuta é a ferramenta básica e indispensável para um Psicólogo.
É através dela que podemos alcançar o sujeito.
Deixá-lo se desvendar e se reinventar.
É no (des)encontro entre sujeitos que produzimos novas ideias.
De olhos bem fechados para não me perder em julgamentos tolos.
Disponibilizo com muito prazer a minha escuta.
Pois muitas vezes, quando deixamos de ver, começamos a enxergar

Um piano abandonado, viu-se inútil sem um bom pianista que pudesse tocá-lo.
A cidade inteira não se importava com seu som.
Muito menos com todos os arranjos e orquestras nos quais participou.
Sua história de nada valia, pois sua música era ultrapassada demais.

Muito triste e sem perspectivas, o piano tocava apenas em 'Dó'.
A poeira cobriu suas teclas, e suas cordas estavam desafinadas.
Havia virado uma mesa, uma tábua forrada com jornais amarelados.

Contudo, em uma manhã, um velhinho entrou na loja querendo sorrir.
Com seus passos lentos retirou seus óculos e com um lenço os limpou.
Mirou o velho piano, cheio de saudades e cercado de 'Sol'.

Abriu sua carteira, contou as notas e moedas que economizou por 'Si'.
Levou o velho piano, limpou, afinou e lustrou o marfim.
Sentou-se ao piano em frente a janela, que se iluminava à luz do jardim.

Tocou o velho e o piano, uma música-saudade que os enalteceu.
Os vizinhos que não se importavam, logo se encantavam ao som que surgia dali.
A cidade logo repensava, porque tanto tempo ouviu música ruim.
E o piano encontrou o seu tom, o velho o seu dom e se fizeram arte assim.

Hoje o relógio acordou cansado, preguiçoso e lento.
Os segundos extensos, sem pressa de mudar.
E o meu tempo que é do ontem, foi buscando refúgio.
Em um cantinho calmo e penumbroso de uma saudade que já sinto de você.

É preciso correr o risco de dar certo.